Crônicas de um Homem Morto

23 julho 2010

A Verdade - Parte XIII

Ela estava sentada em um banco do shopping. O redor dos seus olhos estava bem vermelho e a caixa de lenços ainda estava para fora na bolsa entreaberta. Estava claro que ela havia passado um bom tempo chorando.

Sentei-me ao seu lado, ela suspirou, como se aquela cena já fosse comum e, sem a menor paciência, lançou-me as seguintes palavras:

- O que você quer?

Seria difícil explicar que eu não queria nada. Mas, na verdade, ignorá-la naquele estado seria ainda mais complicado. Quando não sabemos o que fazer, é sinal de que não saberemos mentir. É melhor dizer a verdade:

- Simplesmente vi que você estava chorando e resolvi sentar ao seu lado.

- Mas eu já parei de chorar. Então, você já pode ir embora.

- Bem, mas você não está certa disso, pois teria guardado a caixa de lenços e ido passear bem longe daqui.

- (...)

- Vamos lá, o que houve?

- Ele foi grosso comigo. Precisava dizer que eu sou uma chata e que não me aguentava mais me ver? Ele é que é chato e insuportável!

- Todas as pessoas são insuportáveis, minha querida. As que não são, são apenas covardes ou falsas.

Enquanto ela virava-se para alcançar a caixa de lenços, eu achei melhor seguir o meu caminho.

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