Crônicas de um Homem Morto

11 fevereiro 2011

O sorriso, as escadas e a escolha - Parte XXI

Eu descia a escada rolante. Despreocupado, procurei um chiclete no bolso da calça já apertada após tantos anos de uso. Nessas horas, ajo como se estivesse diante de uma câmera e faço questão de fazer uma expressão de alguém que não está entendendo o que está acontecendo. No caso, o sumiço do chiclete.

Decerto, foi isso que atraiu o sorriso que veio da escada que subia ao lado. Nesse momento, o chiclete já era alvo secundário e o meu olhar buscou as laterais do meus ombros em busca do possível alvo daquele belo aceno.

Provavelmente, eu queria que os meus olhos estivessem certos. Tanto é que, ao chegar ao meu destino, eu segui nele. Acho que a direção das escadas dizia muita coisa.

08 fevereiro 2011

A carteira e o mundo - Parte XX

- Ao abrir a carteira, eu controlo as decisões. Se serei gentil ou educado, é uma decisão minha, portanto, o papel que eu irei interpretar a partir de agora, terá você como coadjuvante. E eu tenho certeza que você irá colaborar.

- Se é assim...

- E, de certa forma, eu só coloco em palavras o acordo tácito que existe. Mas, pensando bem, não é assim que funciona lá fora? Eu sairei e serei protagonista e coadjuvante, tudo vai depender de quem tiver...

- Vai demorar?

- Ei, já esqueceu o seu papel?

03 fevereiro 2011

Refletindo no Café - Parte XIX

Eu não gosto de café. Para falar a verdade, acredito que muitos aqui também. Eu poderia continuar, mas é melhor parar, obviedades são tediosas quando mostradas todas de uma vez.

Falando em tédio, as bocas forçosamente abertas e os dentes cuidadosamente expostos me cansam. Mas eu sigo apenas a observá-los.

O alívio a cada gole é um comercial sem câmeras. O aroma é percebido como um elixir.

- Droga.