Crônicas de um Homem Morto

26 abril 2008

Conversa com um Vizinho - Parte IX

Tão perto e tão longe. As camisas parecidas, todas sem listras, revelam um padrão. E, lógico, uma preocupação.
Não se pode jogar tudo na conta da coincidência.

Vamos, então, ao confronto:

- Oi.

(silêncio)

Só, então, percebo os fones. E ele, a minha presença.

Desconfiado, percebe que houve uma tentativa de diálogo. Sem-graça, mexe na camisa e diz:

- Falou comigo?

- Sim, falei. Apenas um "oi!"

- Oi.

Não preciso de mais nada. Entendi tudo. Ou melhor, eu havia entendido tudo errado. O que é liso, é chato, sem vida. Assim, fica fácil ignorar.

E, com isso, não é necessário se preocupar.

A vida é muito mais simples assim.

- Boa noite.

- (...)

Carta de Amor Mal-Escrita - Parte VIII

Desculpe-me, foi um engano
Na verdade, eu confundi as coisas
Não, isso não acontece todo ano

Eu vejo, conheço e enlouqueço
É sempre assim
E quando dou por mim,
Esqueço

Já procurei um remédio
E todos os médicos me disseram:
"Isso é tédio!"

Tédio? Não deve e não pode ser
Você quer me dizer
Que a causa de tudo é
Viver?