- Olá!
- (...) Olá.
- Pode parecer estranho eu cumprimentá-la, mas, talvez, parecer um sujeito educado e simpático pudesse transformar a minha existência em algo menos miserável, concorda?
- Er...eu não sei o que dizer...
- Não me surpreende. Bem, se você não sabe o que dizer, é sinal de que a peguei de surpresa, certo? E, se você foi surpreendida, indica que você não espera que as pessoas cheguem até você e digam um simples "olá", certo?
(Nesse momento, ele dá um longo passo à frente e ela, com as pernas menores, um curto para trás).
- Er...gulp!
- (tom de voz mais estridente) Então, você calça essa porcaria de tênis todos os dias e ganha as ruas esperando que todos te ignorem, já que o seu único objetivo é desprezar todos que passem por você, exceto, claro!, que algum deles tenha alguma serventia para você. Não é isso, senhorita-da-calça-colorida?
- (os ombros encolhem-se) Não...
- Provavelmente, você está pensando em todos os pés indesculpados que pisou, as ocasiões que um "obrigado" ficou preso na garganta, os olhares não retribuídos...
- (as sobrancelhas encurtam a testa) Não...
- Negação, negação, negação. Você está certa.
- (...)
Ele se afasta e ao longe ela ainda é capaz de ouvir um “Olá!”.
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