Crônicas de um Homem Morto

12 dezembro 2006

O Engano - Parte IV

Recebi um telefonema. Normalmente, eu não recebo telefonemas. Aliás, eu não atendo telefones, mas, dessa vez, eu abri uma exceção.

Não houve perguntas ou questionamentos. Havia, sim, uma certeza absoluta de que estava sendo feita a coisa certa. Ou seja, a mensagem estava chegando a quem deveria ser o seu destinatário.

Por um momento, cheguei a pensar em interrompê-lo. "Ei, espere, não é a mim que você deve falar essas coisas. Está havendo um engano". Seria besteira. Do outro lado não havia nenhuma preocupação com o que acontecia desse lado. Existia apenas a necessidade de se passar algo adiante.

Ora, quando se quer extravasar, pouco importa quem esteja ouvindo. Na verdade, você até imagina que há uma outra pessoa a lhe conceder atenção. Sendo mais realista ainda, acreditamos que é uma espécie de cópia de nós a ouvir todos os nossos lamentos e expectativas.

Ok. Pelo tom, o que era dito tinha realmente importância. Tanta importância que ele nem reparou nos números discados.

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