No ônibus, o meu companheiro de banco não esteva tranquilo. A sua roupa estava bem alinhada, a barba bem-feita e o cabelo meticulosamente penteado para trás. Porém, pela pele mal conservada e uma pequena dose de desconforto com as roupas, podia-se cravar que aquele sujeito estava indo para uma entrevista de emprego. Com a pasta transparente na mão, a aposta nesta hipótese era uma certeza de vitória.
Fiquei em silêncio. Antes de saltar, estendi um papel a ele e tomei o meu rumo. Reproduzo o conteúdo.
"A mediocridade é a mola-mestre das relações. O objetivo é manter-se no mesmo nível ou progredir. Não é possível fazê-lo com gente melhor do que você. Ou, ao menos, que aparente ser melhor que você. Assim, elogie para ser elogiado - e os faça crer no que você diz.
E se o padrão dos destinatários for o padrão do ambiente, sair-se-á melhor quem souber reconhecer a suposta qualidade existente. E como ela é irreal, a ilusão é realçada pela rede de elogios - e quem souber alimentá-la levará vantagem.
Lembre-se: seja natural. E dê bom dia."
Eu adoraria ver a expressão do candidato ao final da leitura. Na verdade, nem era preciso, eu ainda tenho os meus álbuns de fotografia.
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